Eram algumas tantas horas da
noite, não conseguia dormir, ouvia a música que me recomendou há dias atrás,
cada acorde me lembrava teus beijos, teu sorriso aparecia entre uma pausa e
outra. Fiquei durante horas ensaiando o que dizer, a
desculpa perfeita para justificar o que fiz e o que não fiz, mas, porquê
justificar algo que é tão nítido, que sempre foi? Nunca fiz questão de ser um
príncipe encantado, aliás sempre fui mais para uma fera, um quasímodo, alguém
sem grandes atrativos, um ser egoísta, alguém que faz o que pode não para ser o
centro das atenções, a estrela principal, mas, para ser alguém, uma fagulha em
meio a tanta escuridão que me consome.
Durante os poucos momentos que
estive ao seu lado, verdadeiramente, pude encontrar luz onde não esperava,
encontrar algo além do que via. Encontrei sabor em teus lábios, felicidade em
tua pele, fortaleza em suas palavras, tudo que sempre me foi deficiente.
Naquelas
horas em que os ponteiros pareciam não passar, a agonia tornava-se cada vez
lancinante, saber que um dia o doce de seus lábios transformariam-se em féu por
minha causa, por minha decrépita natureza, antes não percebida por ti. Sem
joguinhos,nem meias verdades, nem o que quer que seja, estou de aqui como um
palhaço saído do picadeiro, de cara limpa, peito aberto, palavras, dizendo que
estais certa, estou descendo de meu pedestal como você mesma disse, realmente
somos muito diferentes, mas, em toda essa diferença temos algo em comum, somos
intransigentes, eu do meu jeito você do seu. Sua repulsa, seu dissabor por mim,
nada mais é do que algo que sempre mostrei pra ti, sem máscara, nem farsa, uma
criatura torpe e vil, escura como a noite, que conheceu um pouco de luz ao
estar contigo, no abrigo do teu beijo, na morada do teu corpo, no templo do teu
sorriso.
Ass: Um amigo poeta/escritor
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