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quarta-feira, 20 de março de 2013

Citações

- Cuidado, Marquesa! Mil sábios já tentaram explicar a vida e se estreparam. - disse Visconde.

- Pois eu não me estreparei. A vida, Senhor Visconde, é um pisca-pisca. A gente nasce, isto é, começa a piscar. Quem para de piscar, chegou ao fim, morreu. Piscar é abrir e fechar os olhos – viver é isso. É um dorme e acorda, até que dorme e não acorda mais.(…) O Visconde ficou novamente pensativo, de olhos no teto. Emília riu-se. (…) A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso. Um rosário de piscadas. Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e anda; pisca e brinca;pisca e estuda; pisca e ama; pisca e cria filhos; pisca e geme os reumatismos; por fim pisca pela última vez e morre.

- E depois que morre? – perguntou o Visconde.

- Depois que morre vira hipótese. É ou não é? - respondeu Emília.


Sítio do Pica-Pau amarelo: Memórias da Emília: MONTEIRO LOBATO

Mini prévio atraso de noticias

                   Dobrei o papel e fechei a mão com ele dentro. Senti o calor que continha no verso, senti o peso do papel na minha mão. O que quer que tivesse ali teria de ser guardado o mais rápido possível  como iria esconder? Como iria me livrar da culpa de um papel mal dobrado com segredos mal contados? Opa.. Eu disse segredos? Não, não, está enganado, tinha nada ali o papel tava em branco, é em branco, nada escrito, nada lido, nada dito. Mentira! Sim.. Uma mentira, tinha algo ali. Mas quem quer saber? Quem queria ler um papel amassado e mal dobrado que se encontrava em minhas mãos sujas? Nem devo ao papel de guardar isso... Deixa ai jogado. Não! Não posso, é descaso demais com um segredo, droga, eu disse de novo...
                  Parei de andar com a minha cabeça rodando em pensamentos, olhei para os meus sapatos e os cadarços estavam ininhados, sorri pra mim mesmo e pensei: Que dia bom hein?! Dia ótimo para cair no chão da escadaria com esses cadarços. Refleti um pouco sobre cada um estava traçando e eles tinham um sentido, quando fiz aquele "troço" de nó, eu estava pensando em algo, algo que me completava. Que diabo de amor é esse que muda a gente? Que droga! Estava cansado daquilo, mas era difícil evitar... Esse nó todo é a demonstração perfeita da minha vida. Que é que eu tô fazendo aqui olhando pra esse cadarço mesmo? Ah... Ia caindo da escada, e sim o papel, ainda dobrado em minhas  mãos, olhei-o e parecia inofensivo. 
                 A loira de olhos verdes estava encostada na parede do corredor, fui em direção a ela e acenei com a mão do papel. Ela sorriu, a cara de abusada logo se mostrou. Eu gostava do modo que ela sorria, gostava do cabelo e do jeito dela, sorri de volta parando em sua frente, entreguei o papel e sai andando. Ela com certeza deve ter lido, e o que tinha escrito, ah é mesmo: Foda-se!

sábado, 16 de março de 2013

Retrato do futuro


            Alugamos um apartamento no centro da cidade, o velho edifício Oriente, perto do Armazém Guanabara, era tudo o que dava pra pagar com o nosso salário de universitário.
            Estava na cozinha fazendo o nosso café, ele chegou silenciosamente por trás e foi beijando o meu pescoço, passou a língua próximo a minha orelha. Puxou-me para perto, pude sentir a sua respiração quente na minha nuca. Com a boca na minha e as mãos nos meus ombros, ele foi puxando as alças da minha blusa, deixou que ela caísse no chão. As suas mãos desceram até o meu quadril me apertando fortemente. Não lembro onde coloquei a boca, mas a dele abocanhava o meu pescoço.
            Ainda em pé na cozinha, ele foi beijando minha barriga, descendo cada vez mais... os passos delicados da sua língua quente me fizeram gemer. Em um movimento rápido, fui colocada em cima da pia, puxou o meu cabelo com tanta força que soltei um ruído de dor. Os olhos doces eram um complemento para a feição selvagem que me puxava, lanhava, mordia, beijava e numa sede, que parecia não ter fim, chupava todo o meu corpo.
             Já estava tão colada no corpo dele que parecíamos um só, a pela branca fazia contraste radical com a minha. Devo ter cravado as unhas em suas costas quando ele abriu minhas pernas, se aproximou e fez com que os nossos quadris se movessem rapidamente e, assim, fui gemendo cada vez mais alto. Pude sentir a pia tremer com forte intensidade e depois de um gozo que ecoou pela casa, o vibrar da pia foi diminuindo, a mão passou a puxar o meu cabelo levemente, diminuindo, os seus olhos nos meus, diminuindo...
            Droga, o café queimou.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Video Games




Estou no vestido que ele gosta
Vou me despindo
Faça meu corpo pirar
Eu digo que você é o melhor
Chego perto para dar um grande beijo
Uso perfume que ele mais gosta

Vá jogar um video game

É você, é você, é tudo para você
Tudo o que faço, eu digo a você o tempo todo
O Céu é um lugar na Terra com você
Me diga tudo o que quer fazer
Ouvi dizer que você gosta de meninas más
Querido, isso é verdade?
É melhor do que eu imaginava
Eles dizem que o mundo foi feito para dois
Só vale a pena viver se alguém... está amando você
Baby, agora você é amado

Marcas

           Deixo marcas por onde vou, seja marcas de batom, seja marcas de sol. Eu sempre as deixo, em algo, em alguém ou em mim.
           É algo difícil de evitar, é algo que virou mania. Eu desejo deixar marcas em alguém, desejo ser lembrada em algum momento, na realidade. A vida se divide em várias coisas e a minha se revela em deixar as coisas marcadas.
           Lembrei da mordida que dei em alguém, lembrei do dia em que magoei alguém, lembrei do dia em que amei certo alguém. Tudo isso são marcas, marcas de um presente, ou passado e talvez dê em um futuro. É algo estranho, mas eu gosto, é como se a pessoa olhasse e vai saber que eu fiz aquilo. Mas não quero ser lembrada só por um beijo ou por uma tristeza, quero ser lembrada por uma marca especial, a marca de uma personalidade que admiram, a marca de alguém bom. Ou até mesmo a lembrança de alguém forte ou que sempre pode contar. Marcas são muito interessantes, mas podem vir com tristezas.
          Olhei para o relógio no meu pulso e vi arranhões em meu braço, sorri com a memoria de alguém e sai alegremente pelo corredor. Essas marcas... Essas marcas...

sábado, 2 de março de 2013

I'm Here

Resolvi postar um curta, é lindo e aposto que irão gostar *--*


Amarras

É uma vontade de viver, é um nó na garganta trancando minha voz. Não sei o que me move agora, sei que está difícil de se libertar de amarras e correr por ai livre. Me prenderam nesta gaiola e esperavam que eu vivesse, mas não vivo. A liberdade é um preço caro e só há de entender quem já foi preso. E preso todos estamos, numa carne frágil e nesse pensamento pesado de que devemos nascer, crescer, casar e morrer. A vida não é só isso, não é só achar alguém pra se casar e ter filhos, a gente se prende nesse foco e esquece de outras coisas. A vontade de viver é muito mais que isso, quando ficam velhos se acomodam a histórias e manias, esquecendo do importante, do sentido de suas vidas. Não quero me acomodar e ser uma velha que chora por não ter aproveitado nada do que sonhou. Eu tenho sonhos, sei que vocês também, agora pergunto-lhes... Por que ainda não fomos atrás deles? Por que estamos acomodados com nossas amarras e esquecemos de arranca-las de nossos pés e mãos? Eu quero muito mais que isso, quero tudo se puder. Cada gota de liberdade que vier, cansei de ser presa a uma gaiola posta de enfeite num lugar que não me pertence.
                                                                                                      Letícia B.